segunda-feira, 9 de março de 2009

Menina de nove anos é mãe de gêmeos. Se dependesse da Igreja Católica, este fato existiria.








Uma menina de nove anos estuprada pelo padrasto e grávida de gêmeos.

Uma gravidez de risco e um abordo.

Um arcebispo excomungando todos os familiares da garota e médicos envolvidos no aborto.

Não sei ainda quais dos fatos acima é mais inconcebível. Mas para mim, continua sendo a intolerância religiosa.

Não sou a melhor pessoa para discursar sobre o assunto, até porque pouco sei sobre os preceitos da Igreja Católica e o que fundamenta tudo isso, mas acredito que a valorização da vida pregada pelos religiosos não pode sobrepor fatos tão relevantes.

A intolerância religiosa não permite o preservativo, o aborto e o sexo indiscriminado. Mas não é tão severa quando estão em questão os casos de pedofilia que envolvem sacerdotes. Ora, não deveria ser de função da Igreja zelar pela vida humana? Ou simplesmente adota-se um discurso de que o nascimento não pode ser interrompido apenas por ideologia?

Pode parecer retrógrado meu pensamento, mas ainda acredito que é preciso poupar vidas que certamente serão desgraçadas. Mais grave do que cometer um aborto é ter o filho e abandoná-lo numa lata de lixo, num rio...

Enfim. O assunto se estende. O fato é que a menina de 9 anos se enquadrava duplamente nos critérios em que a Justiça permite a realização do aborto. Tinha uma gravidez com risco de morte e fora estuprada. Não há muito o que se discutir.

Mas o mais lamentável de tudo isso, se é que existe algo mais abominável do que o estupro de crianças, é que em nenhum momento ouvi dizer que as ‘punições’ da Igreja seriam estendidas para o padrasto, que confessou o abuso e está preso. Não foi excomungado por ter causado tudo isso à enteada e ainda tem sua vaga garantida no céu. Amém.

Mais uma vez a Igreja Católica dá provas do quanto o seu pensamento pode ser prejudicial à saúde de fiéis seguidores. Ao excomungar o médico e outras pessoas que participaram do aborto de gêmeos da menina de nove anos estuprada pelo padrasto, o bispo de Olinda mostrou a verdadeira face da ignorância retrógrada que ainda impera entre muitos líderes católicos. Para o religioso, o correto seria deixar a menina desenvolver a gestação até o fim e correr o risco de morrer ao dar à luz para dois bebês. Ele diz que cometeram um assassinato ao interromper a gravidez, alegando que os fins justificam os meios.

Enfim, a história é polêmica e cada um forma a opinião que bem entender, de acordo com seus valores – não só religiosos. Em toda a minha ignorância, também formulo os meus.

Para mim, a situação é absurda, em todos os aspectos. O crime é bárbaro e os desdobramentos idem, com exceção do aborto – melhor decisão de toda esta história. Com toda a polêmica criada em torno do assunto, pouco se falou da criança abusada até agora. A impressão é de que ninguém liga para a condição dela, de como ficará a sua sexualidade a partir de agora e mais uma lista de coisas que envolvem diretamente a sua vida.

Não que ser excomungado da Igreja mude a vida de alguém, mas o bispo esqueceu de botar o padrasto da menina para fora da religião também. Ao não tomar esta atitude, o religioso dá a entender que o monstro autor do crime pode ser perdoado e quem “resolveu” a situação e acabou com uma parte do sofrimento merece a punição divina. Coisas da Igreja.

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terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Fazer ou fazer. Eis a questão!!!




Certa vez li uma entrevista do Ariano Suassuna cuja principal declaração era a de que jamais fazia concessões. Ele não especificou se era em relação a sua vida ou obra, mas a frase é suficientemente clara para qualquer pessoa.

Desde então sempre fiquei com isso na cabeça. Ceder ou escolher fazer tal coisa sempre foram situações complicadas. As pessoas o taxam de irredutível, egoísta e mais uma penca de outros nomes. Não é legal, mas, por outro lado, sempre tive em mente que isso é uma questão de personalidade.

Também sempre questionei o “não fazer” alguma coisa. Isso não existe, a negação na ação. Você sempre vai escolher algo, ainda que seja fazer nada. Por isso, concessões ficam difíceis de classificar. Considerando que você fará alguma coisa, não existe a concessão, cujo significado estaria calcado na “não ação”.

A conversa é meio de louco mais funciona exatamente assim na minha vida. E acredito que na de muitas pessoas também. O fato de fazer isso ou aquilo – mesmo quando não concordo – não ameniza a situação moral ou de caráter. Se fazermos algo que vai contra nossos princípios, é importante saber os motivos e ponderar se realmente vale a pena.

Confesso que no meu caso, sobretudo ultimamente, não tem valido a pena. Apesar de estar vivendo, o peso de algumas decisões são muito maiores do que a gente pensa. Arrependimentos não, mas carregar o “ter feito” determinada coisa, na maioria das vezes, incomoda muito mais do que pensar em quais concessões devo ou não fazer.

Ceder é um verbo pouco conjugado pelo ser humano, que é por natureza egoísta. Abrir mão, conceder e todos os outros sinônimos que traduzam o fato de ser transigente só são reais em casos muito específicos.

Conceder o lugar no ônibus a uma senhora idosa é fácil para qualquer um, mas abrir mão dos seus valores, dos ideais e das coisas que são importantes já não é tão simples assim.

Por isso é difícil aceitar a ideia de que, às vezes, é preciso passar por cima de você mesmo por algo que considere importante. É como fazer um trabalho que não lhe agrada porque, de alguma forma, você tem de pagar as contas no final do mês. Ou então ir a um culto evangélico porque seu namorado é religioso, sei lá.

Não que você seja obrigado a trabalhar em algo que não concorda ou aderir à religião a contragosto só porque gosta de alguém. Não é isso. A vida é feita de escolhas e você pode escolher um trampo que você se identifique ou um namorado que não te obrigue a fazer tantas concessões, mas às vezes você não vê outra alternativa a não ser simplesmente abrir mão.

Daí você abre mão aos poucos, um dedo de cada vez, ainda tentando se manter convicto daquilo que você realmente acredita. Mas quando vê, já abriu por completo, já colhe os frutos infelizes de fazer algo que não quer e o pior de tudo: não tem nem o direito de reclamar, porque quem concedeu foi você.

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quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Dia de . . . . . .

Toda data comemorativa tem um viés comercial, seja lá qual for o tipo da comemoração. O “dia tal” só existe para que as pessoas possam ser lembradas com presentes durante 24 horas. Depois disso, a vida volta ao normal e só um ano depois é que o profissional ou mãe/namorados/avós/crianças serão notados novamente. No meio tempo é claro, existem outros “dias” para movimentar o comércio.

Não sei se isso é uma invenção capitalista ou trata-se apenas de uma simples homenagem a alguém. Se foi apropriado pelos capitalistas é outra história, mas tudo acaba caindo na questão do dinheiro, portanto, não é novidade alguma.

Independentemente da origem, todas as datas comemorativas têm um “quê” de hipocrisia. Naquele dia específico, a pessoa é especial somente porque no calendário aponta que é isso. Ela não fez, nem deixou de fazer, nada demais para merecer tais homenagens. É simplesmente uma data instituída e, por isso, os mais próximos precisam dar presentes ou ligar, mesmo que façam isso uma vez a cada 365 dias.

Particularmente nunca gostei de datas e não dou muita atenção a elas. Sei que magoa algumas pessoas, mas infelizmente prefiro ser coerente a hipócrita neste caso. Se gosto de alguém, vou querer telefonar ou manter contato sempre, não só quando for aniversário ou dia “d” alguma coisa.

Enfim, acabar com as datas é impossível, mas pelo menos posso manter o meu desprezo completo por algumas, por mais difícil que isso seja de entender para aqueles que dão importância demais a estas coisas.


É estranho como as coisas mudam nas datas comemorativas. É uma coisa tão simbólica, que não deveria mudar em nada, mas de repente parece que no Dia das Mães, as mães se tornam mais mães ou que os namorados se tornam mais namorados no dia deles.

Na realidade, o que acontece é que todo mundo deixa pra demonstrar seu afeto na data especial. É como comemorar um aniversário de casamento com champanhe e caviar e depois reclamar o restante do ano de comer arroz com feijão. Se a convivência não é boa, pra que então comemorar?

Outra coisa é desejar tudo de bom e melhor, saúde e amor somente no dia do aniversário da pessoa. Tudo bem, talvez você até deseje tudo aquilo pra ela o ano inteiro, mas é somente na data de aniversário dela que você vai verbalizar. E também... por que falar “Parabéns” pra uma pessoa que talvez nem tenha algo para ser parabenizada, a não ser pelo fato de ter completado mais um ano de vida?

Tirando essa visão amarga das coisas, ainda é legal comemorar datas especiais. Ter uma surpresa agradável, receber um abraço carinhoso, ver pessoas que estão longe, ver que os outros se importam com você, de alguma forma, mesmo que instantânea.

Sei que mais importante que estar presente nessas datas felizes, é essencial que se esteja presente nas horas ruins também, daí vem o verdadeiro valor das coisas.

Mas visto que as pessoas mal têm tempo pra elas mesmas, o ideal é que não deixem passar em branco as datas especiais. Pode ser que tenha alguém esperando ansiosamente por uma lembrança sua.

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sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

A vida sem limites

Eu não assistiria Hell se não fosse por insistência dele. Eu achava que tudo o que demonstra a banalidade juvenil é patético demais. Mas daí num domingo desses, eu assisti. E vi que, além de incrédulo, o universo formado pela alta sociedade/jovens/drogas é muito mais complexo do que se imagina.

Pra começar, a realidade retratada pelo filme – e que existe em todo canto do mundo, até mesmo aqui na terra do caqui – parece ser recheada de pessoas alienadas, cujos valores não são palpáveis nem imagináveis. O retrato da riquíssima juventude europeia se degradando com cocaína, álcool e sexo soa como um submundo, um capítulo à parte, mas não é tão irreal assim.

De qualquer forma, é difícil analisar os motivos que levam o ser humano a situações degradantes, a tomar atitudes impensadas, a desvalorizar a si próprio e também tudo o que há ao seu redor.

No fundo parece que quanto mais dinheiro se ganha, mais se perde a noção de como gastar. Menos se valoriza o corpo e a mente, menos se chega próximo a um equilíbrio. Mas isso não significa que a verdade absoluta só exista nos redutos onde não há dinheiro. Significa apenas que o excesso dele te eleva a situações diferentes.

Um dia um amigo me disse que só se vive uma vez. Por isso, faria questão de passar por esse mundo pra viver de tudo. Sem qualquer discurso de auto-preservação, ele era do tipo que embarcava em qualquer roubada, não tinha medo porque não tinha nada a perder. Vai ver é isso. Só sentem medo aqueles que temem perder algo, nem que seja a vida.






O tripé sexo, drogas e rock and roll sempre faz mais sentido quando a combinação pode ser potencializada pelo dinheiro. Jovens menos favorecidos, digamos, também gostam das três coisas, mas nem sempre têm acesso a doses cavalares como os filhinhos de papai por aí afora. É exatamente isso que Hell – tanto o livro quanto o filme – mostra. A única diferença é que é uma visão muito particular das três coisas, sobretudo pelo fato de se passar na França.

Famílias podres de ricas, de um mundo que só pertence a elas mesmas, são despidas de uma forma bastante peculiar, sobretudo no livro. A personagem principal, que dá nome a ambos, consegue descrever em detalhes as situações mais absurdas que os jovens endinheirados podem viver. Outro ponto que salta aos olhos é o desprezo de Hell por tudo aquilo que ela viveu e aproveitou.

A vida das personagens não é das mais chatas, dependendo do ponto de vista. Ninguém trabalha, nem muito menos tem outras responsabilidades. O único objetivo é curtir a vida, mas aproveitar ao máximo, sempre com excessos. Quanto mais, melhor, não importa do que seja.

Para qualquer pessoa que tenha um filho – ou filha – a história de Hell ativa as antenas da preocupação com o futuro. Impossível não se perguntar os motivos que levaram àquele tipo de vida e tentar descobrir formas para que não aconteça o mesmo com o rebento.

Julgar a vida dos outros sempre é complicado, mas dizer que aquilo é correto ou saudável se torna uma sandice. Talvez seja mais um exemplo de que, qualquer coisa em excesso, não faz muito bem para ninguém.

O texto ficou mais conservador do que eu gostaria, mas é impossível não ser influenciado pela personagem. Acho que o tom usado aqui é culpa dela, apesar de ter sido feito pelas minhas mãos.

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quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Ódio via satélite

Você mora em uma casa. Há cozinha, quarto, sala e banheiro. Um belo dia chega um pessoal dizendo que aquela casa pertence a ele. Pelo fato de serem mais fortes, estas pessoas criam algumas regras: durante o dia, vocês podem utilizar a sala e a cozinha, desde que devidamente autorizados. A partir das 18 horas, ninguém da sua família pode sair da sala, até o dia seguinte, às 6 horas. O quarto vocês nunca mais poderão vê-lo, já que a entrada é terminantemente proibida.

Este é basicamente o enredo de um filme saudita chamado Violação de Domicílio, cujo objetivo é retratar o drama vivido por palestinos nos territórios ocupados.

Cinema à parte, a situação na Faixa de Gaza, principalmente, não tem nada de ficcional. Há pouco mais de uma semana, pessoas inocentes – sem distinção de mulheres, crianças, homens ou velhos – eram bombardeadas diariamente pelas forças israelenses. A alegação é que pertenciam ao Hamas, o famoso grupo extremista que não aceita o estado de Israel.

Independente de o Hamas estar certo ou errado, a maioria do milhão e meio de pessoas que vive naquele local não fazem parte do grupo, ainda que compartilhem certo ódio pelos judeus. No entanto, nada justifica o que foi feito nesta última ofensiva, que não tem absolutamente nada de guerra, e sim uma agressão covarde de um Estado contra pessoas indefesas – o povo é sim indefeso, tanto que combate soldados com pedras.

A ação é lamentável e não é resposta a nada. É sim mais uma prova da influência dos EUA naquela região, patrocinando os israelenses, como se o ocidente ou o mundo todo tivesse algum tipo de dívida com eles por conta do holocausto.

Era final de ano no Brasil, mais precisamente na interiorana Mogi das Cruzes. Era 27 de dezembro de 2008 e as pessoas se preparavam para o Reveillon. As tevês noticiavam a superlotação das praias, as simpatias para começar 2009 com o pé direito. Alguns ainda aproveitavam a passagem do Natal e mostravam dicas de como trocar os presentes ganhados.

Na televisão, a primeira notícia mostrava o bombardeio de Israel à Faixa de Gaza. “Que absurdo. Essa coisa de fanatismo religioso é uma loucura”, dizia a humilde aposentada à irmã. Juntas, elas esperavam pelo início da novela, mas as reportagens da ofensiva israelenses chamaram a atenção.

Mártires orando, civis mortos, destruição em massa. Era impossível aos olhos dos brasileiros entender o que se passava do outro lado do mundo. Talvez seja impossível até hoje, por mais que alguns jornalistas tenham sido enviados especialmente para lá para tentar compreender as questões palestinas.

Suscitaram-se, a partir daí, uma série de hipóteses na mídia brasileira. “Se Israel queria acabar com os extremistas, não conseguiu. Apenas fortaleceu o Hamas”, dizia a Folha de S. Paulo. Outros comentários davam conta de que os ataques israelenses representavam nada mais do que o genocídio puro.

Mas a verdade é que seria muito leviano tecer algum comentário sobre a discórdia que envolve palestinos e israelenses, dado que não temos idéia do que se passa por lá. Relatar as mortes ou fotografar desgraças não reflete a essência real do problema, que é social, histórico, religioso, racial, entre outros pontos que são invisíveis a olho nu.

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terça-feira, 20 de janeiro de 2009

God bless America!!!





Rosa Parks sat so Martin Luther King could walk.

Martin Luther King walked so Obama could run.

Obama ran so we can all fly”.

Parecia um poema, mas era na realidade a manchete do “Newsday”, de Long Island (NY), no dia 19 de Janeiro. Por trás do tom de versinho, uma realidade romântica incorporada pelos eleitores norte-americanos: Barack Hussein Obama é o percussor de Luther King. Significa a esperança de novos tempos para uma sociedade descrente.

Talvez a figura de Obama esteja sendo muito mais exaltada pela mídia do que pelo próprio povo, mas o fato é que os norte-americanos depositam nele todos os clamores e expectativas de progresso, honestidade e benevolência.

O senador democrata virou, repentinamente, o salvador do mundo. Se falta comida, Obama salva. Se falta dinheiro, Obama salva. Se sobram mortes e guerras civis, Obama salva também.

Analisando de fora, uma série de clichês acompanham o novo presidente e podem justificar o porquê ele parece ser o último dos heróis. Primeiro, porque representa a garra dos negros, historicamente repreendidos e sedentos por justiça. Depois, porque trouxe consigo a promessa de “mudança” para aqueles que repudiam o atual governo Bush.

Por isso, são muitos os fatores históricos, sociais e políticos que conspiram a favor de Obama. Também são inúmeros os cidadãos estadunidenses que depositam nele uma fé quase que religiosa, a ponto de idolatrá-lo e venerá-lo sem sequer saber do seu passado político ou das promessas futuras.

O fato é que Obama começa seu mandato preso aos anseios do mundo. Será o foco das atenções mundiais e qualquer vacilo banal pode repercutir imensamente.

Se tudo correr bem – e se correr mal também -, uma importante página da história será escrita hoje quando Barack Obama for empossado presidente dos Estados Unidos.

Até aqui, o maior mérito do ex-senador foi ter despertado um interesse fora do normal por política nos jovens, daquele e de outros países espalhados pelo mundo.O apelo pop do novo presidente é indiscutível, e Obama, com certeza, figura fácil na parede ao lado de ídolos da música ou do cinema em quartos adolescentes planeta afora.

O fato de ele ser negro não deveria ser motivo para tanta euforia – aliás, nem mesmo para esta linha que você acabou de ler. Diariamente fico me perguntando se relembrar a cor da pele dia sim dia também não é racismo. No discurso do politicamente correto, ser o primeiro presidente de um país reconhecidamente racista não deveria significar nada, apesar de que eu acho um puta avanço por lá.

Outra coisa que incomoda é o tratamento de novo “Jesus Cristo” dado a Obama. O cara estará à frente da mais poderosa - ou seria imperialista – nação do mundo, mas não tem uma vara de condão para fazer sumir ou aparecer coisas. Crises econômicas, conflitos no Oriente Médio, guerras civil na África e os países em desenvolvimento pedindo migalhas são apenas alguns dos desafios.

Muita coisa pode mudar, mas é melhor esperar o andar da carruagem para ver o que, de fato, ira melhorar na vida de cada um dos habitantes do planeta.

Mas, a melhor notícia disso tudo é o Bush fora. Ufa!

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quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Muito além de um filme

Esqueça o não-cenário de Manderlay (idêntico ao de Dogville). Este não é o detalhe que vale a pena no filme de Lars von Trier. O que faz a diferença no longa é exatamente o princípio que permeia o Baião de Dois: ponto de vista diferente. Apesar de a crítica pegar no pé do diretor dinamarquês abordar um assunto tão “estadunidense”, a escravidão, poucas pessoas conseguiram contar a história como ele. Pelo menos das coisas que já vi/li/ouvi, nada se compara.

Invertendo completamente a lógica da coisa, Lars Von Trier consegue causar um verdadeiro malestar (novas regras ortográficas) em quem assisti ao filme. Cria-se uma sensação física mesmo, de ansiedade em relação às próximas cenas. Violência Gratuita, de Michael Haneke, também me deixou com uma sensação parecida.

Além do conhecimento histórico trazido à baila, o grande mérito do diretor é demonstrar como uma inversão de papéis e um olhar de um lado diferente ao comum podem mudar o entendimento sobre um assunto que a maioria das pessoas tem uma opinião muito bem definida e alinhada entre si.

O exemplo deveria servir para qualquer um que queira contar uma história, sobretudo, se se tratar de oprimidos versus opressores. Mesmo se não quiser contar absolutamente nada, a forma como foi filmado, faz com que pensemos sobre nossas convicções e os famosos “certo e errado”, além da questão daquilo que significa justiça e injustiça.

É um filme, mas Manderlay funciona como uma aula de filosofia com requintes de análises psicológicas.






Existem filmes bons ou ruins. Alegres ou tristes. Fictícios ou reais. E existe Manderlay.

O segundo capítulo da trilogia de Lars von Trier é capaz de reunir todos esses paradoxos em um longa de uma riqueza tão infinita de interpretações que é difícil encontrar uma só palavra para descrevê-lo.

Primeiro, pelo fato de que, assim como em Dogville e provavelmente na terceira etapa da série que ainda está por vir, o cenário é desprovido de complementos cinematográficos. Os espaços são delimitados por paredes imaginárias e demarcações no solo, o que causa estranheza à primeira vista e requer do espectador uma atenção minuciosa.

Depois, pela história narrada. Não revelarei o enredo, mas a personagem de Grace mais uma vez oscila entre glórias e infortúnios em questão de minutos, o que eu considero ser a parte mais sensacional do filme. Como, em quase três horas de filme, toda a conjectura construída é arruinada, de uma maneira tão exata e certeira. E como tudo isso gera no espectador uma série de reflexões e sensações ao mesmo tempo. O filme te obriga a pensar desde o início, já que trata da questão de negros escravos e te cerca de personagens que resgatam aqueles preceitos da escravatura estudados nas aulas de história que você jamais lembraria.

Posto isso, o diretor quebra toda a estrutura ao final do filme. Quando você já havia raciocinado exaustivamente sobre cada cena. Daí a ruptura é tão brusca que a única conclusão que eu chego é que Lars Von Trier propõe um filme tão maçante e longo justamente para rechear sua mente de idéias e, de repente, quebrar todas elas de uma só vez. A peculiaridade é que não é um desfecho patético, só para impressionar. Tudo faz sentido, e muito.

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domingo, 14 de dezembro de 2008

Boas vindas em dobro


Baião de dois. Feijão, arroz e, às vezes, carne seca. A mistura do prato nordestino resulta numa combinação tão perfeita e única que talvez seja essa a explicação – ou justificativa – para a criação desse espaço, que iniciamos já com a promessa de não abandoná-lo e manter as atualizações constantes.

A idéia é agregar duas opiniões, dois pontos de vista, dois valores, dois conceitos em um só lugar, separados apenas por dois textos. Daí então, o confronto de opiniões se tornará freqüente, já que nem sempre há consenso sobre um determinado assunto.

Aliás, consenso é algo que soa utópico quando se trata de discussão. Se a proposta é divagar sobre os mais variados assuntos, que sejamos fiéis a ela. Refutaremos as teorias, questionaremos as certezas e talvez chegaremos a conclusões antes inimagináveis. Ou ainda, não chegaremos a conclusão nenhuma, o que pode ser ainda mais válido.

Em pauta, vale tudo. Notícias, história, cinema, literatura e qualquer outro assunto que não seja particular. Afinal, não se trata de um diário e o caráter pessoal fica por conta dos comentários que faremos nos nossos próprios textos.
Enfim, começaremos. Aos futuros leitores – se é que teremos algum -, prefiro não criar expectativas e me livrar da falsa modéstia, mas aproveito para garantir que este espaço será ocupado por duas mentes um tanto inquietas e, por isso, não faltarão interpretações curiosas, comentários bizarros e visões inusitadas.


Dizem que não existe um fato, apenas o relato daquilo que aconteceu. Opiniões e análises diferentes sobre os mais diversos assuntos sempre são importantes para um entendimento mais amplo e aprofundado sobre o que está em pauta. É mais ou menos assim que este espaço pretende ser.

Serão sempre dois textos, não necessariamente discordantes, mas com certeza, diferentes. Esta é a única regra do Baião de Dois. No mais, qualquer assunto pode ser falado/comentado/discutido/analisado e por aí vai. Com o tempo, alguns serão recorrentes em relação a outros, mas nem por isso o blog se transformará num espaço de um único tema.

Nem toda a diversidade é considerada correta e bacana, basta ver o apedrejamento de mulheres em algumas culturas. Diferenças culturais existem, mas algumas são, no mínimo, discutíveis. Aqui, o máximo que pode acontecer é o linchamento cibernético de alguma coisa, sempre com o devido respeito, claro. Aliás, em alguns casos vai ser sem respeito mesmo, como por exemplo, políticos que roubem dinheiro público.

Enfim, que o Baião de Dois – assim como o homônimo prato – seja uma verdadeira celebração dos pontos de vista, cuja mistura dos ingredientes e o cuidado especial na preparação tenha um resultado que possa ser apreciado e discordado por qualquer tipo de paladar, ou melhor, de opinião.

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